Setor de calcário agrícola é aposta do mercado para superar crise

Segundo maior fornecedor mundial de alimentos e produtos agrícolas em 2015, o Brasil mantém a estabilidade no segmento, mesmo enfrentando um cenário de fragilidade econômica, como o vivenciado em 2016. A prova de que o setor se manterá resiliente, apesar do arrefecimento da economia é o prognóstico elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A entidade calcula incremento de 13,9% na produção de cereais, leguminosas e oleaginosas para o próximo ano. No total, a previsão traçada pelo IBGE sinaliza a produção de 209, 4 milhões de tonelada para 2017.

O fortalecimento e as previsões positivas para o setor agrícola tornam otimistas também as perspectivas para o crescimento do segmento de calcário agrícola. Tudo isso, porque a etapa de calagem é utilizada para corrigir a acidez do solo, preparando-o para o cultivo da agricultura. “Esta é a primeira providência. As terras livres de acidez são o primeiro passo para se fazer agricultura”, esclarece o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário (Abracal), Oscar Alberto Raabe.

“Investir no calcário agrícola é investir em maior produtividade agrícola e também em maior quantidade e qualidade de alimentos”. Só em 2015 o consumo de calcário agrícola no país foi de 35 milhões de toneladas. Um número que, segundo Raabe, deveria ser bem maior. “Se houvesse um trabalho de referências técnicas confiáveis a respeito da correção de solo, como já é feito em outros países, veríamos que o Brasil hoje necessitaria de 100 milhões de toneladas de calcário anualmente. Já a produção, seguramente, passaria para 200 milhões de toneladas só com a aplicação de calcário, se não houvesse a necessidade de outras técnicas, como aumentar o adubo e lavração especial”, assegura Raabe.

E o mercado já percebe o potencial desse nicho. Como é o caso das Empresas Icon, de Santa Catarina. A Icon Máquinas e Equipamentos descobriu uma nova aplicação para dois equipamentos confeccionados há anos pelo grupo: a britagem de calcário. Usado, a princípio, para mineração, o britador de rolos e moinho de martelo conferem maior eficiência energética, baixo custo operacional e baixo desgaste interno à produção de moagem de calcário. “A principal redução de custo dos nossos moinhos, por exemplo, se refere ao consumo de energia elétrica, que nos últimos três anos sofreu aumento de 59,3%.  Moinhos convencionais consomem 12 kWh/ton, já os moinhos Icon, na mesma aplicação, apresenta consumo de 6 kWh/ton, uma redução de 50%”, explica Jean Cafácio, do Departamento de Vendas da empresa.

Além disso, os moinhos da empresa são escalonados em vários modelos e tamanho que vão de uma produção de 3 a 100 toneladas por hora e são os únicos do Brasil produzidos com dois rotores. “Por isso não há necessidade de colocar vários moinhos em serie para atingir certas produções, ao passo que um único moinho muitas vezes atende a produção necessária”, finaliza Cafácio.

Buscar novos mercados, para produtos já existentes na linha de produção da empresa, foi mais uma forma encontrada pela empresa de se reinventar e manter a competitividade no mercado, segundo o coordenador de vendas da Icon Máquinas, Alexandre Freitas. “Esperamos que esse mercado nos dê a oportunidade que realmente vislumbramos por conta do setor agrícola e alimentos ser pouco afetado por crises e haver uma previsão de expansão nos próximos anos. A partir de 2017, a Icon entra também no segmento de calcário agrícola com esses produtos, no intuito de fazer um ano forte em vendas”, define ele.

A atratividade deste mercado é justificada tanto por sua trajetória, quanto pela demanda do insumo, tendo em vista a importância agrícola do país no cenário mundial. “Se nos últimos 10 anos duplicou-se a utilização de calcário agrícola, com certeza nos próximos dez, vamos ultrapassar o dobro da utilização também, então é um mercado com um vasto potencial de investimento”, avalia Raabe. Além disso, a ampla disponibilidade de calcário no Brasil só aumenta o interesse de investidores no setor. “Estamos falando de uma riqueza natural que temos em nosso país. Perceber que o mercado está atentando para esse setor em expansão e de grande potencialidade é fantástico”, arremata ele.

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