Setembro Amarelo nas empresas: quando o WhatsApp agrava a ansiedade — e como agir com responsabilidade

Setembro Amarelo é um convite público para falar de saúde mental com seriedade. No dia a dia da Alfa Comunicação e Conteúdo, ao avaliar canais de comunicação interna, temos visto um padrão que preocupa: o uso indiscriminado do WhatsApp como “canal oficial” está intensificando ansiedade, ruído e conflitos — exatamente o oposto do cuidado que o momento pede. O cuidado com a saúde mental depende também de ambientes de trabalho mais seguros, com políticas e orientações claras, e a comunicação organizada vai contribuir para isto. O aplicativo é ótimo para falar rápido, mas, sem regras claras, vira um vilão silencioso do bem-estar.

Antes de tudo, vale dimensionar o tamanho do fenômeno no Brasil. A pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box – Mensageria no Brasil mostra que o WhatsApp está instalado em 98% dos smartphones e é usado diariamente pela grande maioria das pessoas; em 2025, 97% dos entrevistados disseram acessar o app ao menos uma vez por dia. Ou seja, ele atravessa a rotina de praticamente todos os profissionais — inclusive fora do expediente.

Do ponto de vista de bem-estar, há evidências sólidas de que comunicação de trabalho fora do horário e pressão por resposta imediata aumentam ansiedade e conflito trabalho-vida. Um estudo da Virginia Tech demonstrou que a mera expectativa de monitorar mensagens/e-mails após o expediente já eleva a ansiedade do trabalhador e impacta sua família. Revisões recentes também associam o uso do smartphone para fins de trabalho fora do horário a maior conflito trabalho-vida, estresse e piora do sono. 

No Brasil, pesquisas de opinião ajudam a traduzir o sentimento cotidiano: 67% dos brasileiros dizem ficar ansiosos quando aguardam uma resposta importante por mensagem, um recorte que conversa diretamente com a cultura do “responda já” nos grupos de trabalho. Quando o canal predominante é um mensageiro instantâneo no celular pessoal, a ansiedade se retroalimenta. 

O problema começa pela falsa sensação de urgência. Mensagens a qualquer hora criam a ideia de que tudo precisa de resposta imediata. Com isso, as pessoas ficam em estado de alerta constante, com medo de “sumir” se colocarem o celular no silencioso. Essa pressão desgasta, rouba foco e piora o sono. Outro efeito colateral é a perda de rastreabilidade: decisões e combinações importantes se perdem no histórico de conversas e não viram registro nos canais oficiais. Resultado: retrabalho, conflitos e prazos estourados.

A boa notícia é que dá para colher o melhor do WhatsApp sem adoecer pessoas nem bagunçar processos. O caminho é simples e direto: definir regras de uso, educar líderes e equipes e integrar o que for importante aos canais corretos (intranet, gestor de projetos, base de conhecimento, central de chamados).

Boas práticas de uso do WhatsApp: defina horários de silêncio para não urgências, desative notificações fora do expediente, evite @todos ou grupos inteiros para temas rotineiros e use mensagens padronizadas com assunto, contexto, ação e prazo. Oriente líderes a agendar envios quando a mensagem não for crítica, deixe explícito que “visualizado ≠ disponível” e registre decisões nos canais oficiais após a conversa. Essas regras reduzem a ansiedade, ruído e retrabalho — sem travar a operação.

Em setembro — e no ano todo — cuidar da saúde mental também é definir como a empresa se comunica, desenhar sistemas de comunicação que respeitam limites. Canal certo, mensagem certa, no momento certo. Se o WhatsApp (ou qualquer outra ferramenta) entrar sem orientação, a chance de criar mais problemas do que soluções é grande. Quer rever sua arquitetura de comunicação com um olhar humano e prático? A Alfa pode ajudar.

Pesquisar

Categorias

 

Recentes