Mudanças significativas no sistema tributário brasileiro começam a entrar em vigor a partir de janeiro de 2026, com impactos em empresas de todos os setores e portes. Com o objetivo de entender ou ampliar os conhecimentos sobre essas transformações, com foco no agronegócio, cerca de 60 executivos e profissionais de áreas estratégicas de indústrias do setor participaram de um evento nesta terça-feira (19), na Associação Empresarial de Criciúma (ACIC).
A ação promovida pela Agrosys, empresa especializada em soluções de tecnologia para indústrias de proteína animal (aves, suínos, bovinos, peixes e produtores de ovos), foi uma esclarecimento aos clientes e para que se atentem aos impactos em todas as cadeias de produção, pontuou o CEO da Agrosys, Marcos Velho. “As mudanças vão ocorrer de forma gradual, mas em cada etapa haverá reflexos, especialmente na parte contábil, fiscal, financeira e nos sistemas de gestão. Estamos trabalhando para nos antecipar ao máximo e fazer com que essa transição seja a mais tranquila possível”, disse.
Durante a programação, composta por quatro palestras, os participantes puderam compreender a reforma sob uma abordagem geral; analisar os impactos diretos no planejamento tributário das empresas; avançar para assuntos mais específicos, como o funcionamento do split payment — mecanismo que mudará a dinâmica de tributação para um modelo em “tempo real” —; além de conhecer as modificações já planejadas dentro do sistema operacional.
Ainda há muito o que ser regulamentado e esclarecido nos regimes de tributação, destacou a palestrante Marina Kurtz, consultora tributária e professora. “Há normativas novas saindo praticamente todos os dias, o que exige ainda mais empenho de todos. O caminho a percorrer ainda é longo, envolve adaptação tecnológica, engajamento entre todas as áreas das organizações e a necessidade de aprimorar o entendimento das regulamentações. Para quem faz tudo da forma correta e organizada, é uma boa oportunidade. O objetivo final da reforma é constituir um sistema tributário mais justo e transparente, com a meta de reduzir a carga tributária à medida que a sonegação diminua com a digitalização total dos processos”, ressaltou.
Os impactos na cadeia do agro
Ainda dando os primeiros passos em busca da adequação às regras futuras, a CEO da indústria pernambucana Frango Formoso, Renata Lisboa, reforçou: “A inteligência tributária é fundamental para se manter competitivo nesse setor, em que as margens são pequenas, sobretudo no nosso caso, já que atuamos em toda a cadeia do frango — desde as matrizes, incubatório, integração, granjas próprias até o abatedouro”.
Ela acrescentou que um dos pontos de maior atenção no evento foi o split payment: “Esse conceito e a apuração de créditos praticamente em tempo real mudam nossa relação com fornecedores, pois, se eles não pagarem corretamente os tributos, nós perderemos créditos”, frisou.
Com uma delegação de 12 profissionais — das áreas fiscal, jurídica, TI, suprimentos e setor pessoal —, a Agrogen, de Montenegro (RS), aproveitou o evento para ampliar a jornada de aprendizados sobre a reforma tributária. A equipe tem participado de diversos encontros sobre o tema e, por isso, coloca a empresa um passo à frente, segundo o controller Gilmar Colpani. “Estamos também muito próximos da equipe de desenvolvimento da Agrosys, que já nos forneceu ferramentas e recursos para testarmos as adequações. Queremos que, quando a ‘chave virar’, estejamos em um patamar que nos permita dar conta do que virá pela frente”, disse.
Somente na Agrosys, 20 profissionais estão dedicados exclusivamente a pesquisar e operacionalizar as modificações necessárias. “Queremos estar totalmente prontos em janeiro de 2026 e o envolvimento dos clientes será importante, porque as empresas precisarão homologar as soluções que estamos desenvolvendo. Com os clientes, estabelecemos uma grande rede de feedback de informações. Unindo conhecimentos, conseguimos avançar juntos”, concluiu o CEO, Marcos Velho.